Indústrias nacionais inovam para enfrentar importados
Investimentos em tecnologia, pesquisa de tendências, sustentabilidade e produtos exclusivos são algumas das “armas” das indústrias têxteis e de confecção nacionais para enfrentar a maciça concorrência com artigos importados. Essa aposta em diferenciação e valor agregado pôde ser vista durante a 5ª edição da Première Brasil, principal feira de matérias-primas e insumos de moda da América Latina, que
Alessandra Maluf, diretora da Columbia, mostra couro ecológico da empresa |
Mais de 120 expositores mostravam seu melhor para os visitantes que buscavam inovações e bons negócios. Entre eles, a tecelagem paulista Columbia, que investiu em itens exclusivos e novas cores para chamar a atenção dos seus clientes. Com inspiração no rock e no movimento Clubber, a empresa trouxe uma coleção com itens metalizados e tons cítricos que foram revisitados para o verão 2013. Mas a grande aposta para “ganhar a batalha contra os importados” ficou por conta de um couro ecológico feito excepcionalmente com stretch.
Alessandra Maluf, diretora da Columbia, admite que a luta tem sido desvantajosa. “As importações impactam [muito] em nossas vendas, mas com algumas medidas que o governo tomou para impedir a entrada desleal de algumas mercadorias, nossas transações aumentaram em boa proporção”, atribuiu. A executiva ainda acrescenta: “nós empregamos brasileiros com muito orgulho e hoje sobrevivemos, porque fazemos tecidos diferenciados”.
Pensando em sustentabilidade como arremate de inovação, a Canatiba, fabricante de denim, criou uma linha de jeans eco-friendly que reduz o consumo de água nas etapas de produção em até 99,98%. “Desenvolver produtos em harmonia com o meio ambiente significa oferecer diferenciais que atendem aos desejos do consumidor, cada dia mais consciente”, avalia Fábio
Alguns dos lançamentos da Canatiba |
Augusto Covolan, diretor de Marketing da indústria.
A importação também tem sido “uma pedra no sapato” da Canatiba, que apesar do crescimento de 50% de sua produção, tem dificuldades de penetração nos mercados emergentes. “Devido aos baixos preços desses artigos, fica complicado vender para grandes magazines e atingir as classes C e D. Em todo caso, nossa política é competir com o artigo mais barato com investimento em tecnologia, inovação e matéria-prima de qualidade, agregando valor à produção”, disse Covolan.
Look feito com tecido da RVB Malhas |
Já a RVB Malhas espera que a magia do circo alavanque suas vendas. Para isso, a malharia de Santa Catarina apostou no tema “E-Circus” para o verão 2013, com a mistura da revolução da tecnologia e da nostalgia do espetáculo circense. Tecidos diferenciados, como malhas totalmente trabalhadas no tear, tecidos dupla-face, misturas de fibras rústicas com metálicas e 52 cores diferentes na cartela de cor fazem parte das novidades da empresa. Para enfrentar a concorrência com importados, a RVB tem investido em diferenciação e variedade em seus produtos. “Investimos em capacitação de venda e em pesquisas de campo para tendências”, explica Charles Koschnik, diretor de Marketing da fábrica.
O executivo afirma ainda que apesar do grande volume das importações no País, a malharia não deixou de expandir seus negócios. “Temos uma projeção de crescimento de 10% para este ano e mesmo em 2011, o faturamento não desacelerou. Estamos também com projeto para ampliação de mercado na região Nordeste do Brasil”, anunciou Koschnik.
Um dos produtos da Rollatextil |
Diferente da RVB, o Grupo Rollatêxtil, do Rio Grande do Sul, que possui três marcas fabricantes de tecidos e componentes para a indústria têxtil e de confecção, pretende para este ano recuperar o lucro que tiveram em 2010. Maurício Aumondi, diretor do Grupo, afirma que tem injetado verba em pesquisas e maquinário para enfrentar a competição. “Fazemos catálogos, procuramos tendências, entre outras medidas para incrementar nossas vendas”, revela.
Para a temporada, a Rollatêxtil apostou em produtos metalizados e naturais, além das cores que estarão em alta, como o vermelho, a combinação entre preto e branco, dourado, prateado, verde e azul. “Procuramos adaptar as tendências das passarelas e de desfiles internacionais. Com a aproximação dos grandes eventos no País, o Brasil entra na moda de vez e representamos isso em nossa coleção”, destacou a responsável pela área de design do Grupo, Aline Kautzmann.
Profissionais de moda conhecem as tendências apresentadas pelos expositores |
Mais de oito mil visitantes estiveram no salão (recorde de público), entre eles a estilista Karin Feller, que disse à equipe ABIT que apesar do valor maior dos nacionais, os mesmos traziam mais inovações. O diferencial dos tecidos brasileiros me atrai por isso, os prefiro. As malhas e os devorês que encontrei aqui me encantaram”, afirmou. Já Mariana Laktim, designer da Deprez Uniformes, gostou do que foi apresentado. “Vi malhas diferenciadas e com qualidade”, disse.
A próxima edição da Première Brasil deve acontecer nos dias 26 e 27 de julho e trará as coleções de outono/inverno 2013.
FONTE: ABIT
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