Indústrias nacionais inovam para enfrentar importados

Investimentos em tecnologia, pesquisa de tendências, sustentabilidade e produtos exclusivos são algumas das “armas” das indústrias têxteis e de confecção nacionais para enfrentar a maciça concorrência com artigos importados. Essa aposta em diferenciação e valor agregado pôde ser vista durante a 5ª edição da Première Brasil, principal feira de matérias-primas e insumos de moda da América Latina, que
Alessandra Maluf, diretora da Columbia, mostra couro ecológico da empresa
aconteceu em São Paulo (SP), nos dias 18 e 19 de janeiro.



Mais de 120 expositores mostravam seu melhor para os visitantes que buscavam inovações e bons negócios. Entre eles, a tecelagem paulista Columbia, que investiu em itens exclusivos e novas cores para chamar a atenção dos seus clientes.  Com inspiração no rock e no movimento Clubber, a empresa trouxe uma coleção com itens metalizados e tons cítricos que foram revisitados para o verão 2013. Mas a grande aposta para “ganhar a batalha contra os importados” ficou por conta de um couro ecológico feito excepcionalmente com stretch
 
Alessandra Maluf, diretora da Columbia, admite que a luta tem sido desvantajosa. “As importações impactam [muito] em nossas vendas, mas com algumas medidas que o governo tomou para impedir a entrada desleal de algumas mercadorias, nossas transações aumentaram em boa proporção”, atribuiu. A executiva ainda acrescenta: “nós empregamos brasileiros com muito orgulho e hoje sobrevivemos, porque fazemos tecidos diferenciados”.
 
Pensando em sustentabilidade como arremate de inovação, a Canatiba, fabricante de denim, criou uma linha de jeans eco-friendly que reduz o consumo de água nas etapas de produção em até 99,98%.  “Desenvolver produtos em harmonia com o meio ambiente significa oferecer diferenciais que atendem aos desejos do consumidor, cada dia mais consciente”, avalia Fábio 
Alguns dos lançamentos da Canatiba
Augusto Covolan, diretor de Marketing da indústria.
 
A importação também tem sido “uma pedra no sapato” da Canatiba, que apesar do crescimento de 50% de sua produção, tem dificuldades de penetração nos mercados emergentes. “Devido aos baixos preços desses artigos, fica complicado vender para grandes magazines e atingir as classes C e D. Em todo caso, nossa política é competir com o artigo mais barato com investimento em tecnologia, inovação e matéria-prima de qualidade, agregando valor à produção”, disse Covolan.
 
 
Look feito com tecido da RVB Malhas
Já a RVB Malhas espera que a magia do circo alavanque suas vendas. Para isso, a malharia de Santa Catarina apostou no tema “E-Circus” para o verão 2013, com a mistura da revolução da tecnologia e da nostalgia do espetáculo circense.  Tecidos diferenciados, como malhas totalmente trabalhadas no tear, tecidos dupla-face, misturas de fibras rústicas com metálicas e 52 cores diferentes na cartela de cor fazem parte das novidades da empresa. Para enfrentar a concorrência com importados, a RVB tem investido em diferenciação e variedade em seus produtos. “Investimos em capacitação de venda e em pesquisas de campo para tendências”, explica Charles Koschnik, diretor de Marketing da fábrica.
 
O executivo afirma ainda que apesar do grande volume das importações no País, a malharia não deixou de expandir seus negócios.  “Temos uma projeção de crescimento de 10% para este ano e mesmo em 2011, o faturamento não desacelerou. Estamos também com projeto para ampliação de mercado na região Nordeste do Brasil”, anunciou Koschnik.
 
Um dos produtos da Rollatextil
Diferente da RVB, o Grupo Rollatêxtil, do Rio Grande do Sul, que possui três marcas fabricantes de tecidos e componentes para a indústria têxtil e de confecção, pretende para este ano recuperar o lucro que tiveram em 2010. Maurício Aumondi, diretor do Grupo, afirma que tem injetado verba em pesquisas e maquinário para enfrentar a competição. “Fazemos catálogos, procuramos tendências, entre outras medidas para incrementar nossas vendas”, revela.
 
Para a temporada, a Rollatêxtil apostou em produtos metalizados e naturais, além das cores que estarão em alta, como o vermelho, a combinação entre preto e branco, dourado, prateado, verde e azul. “Procuramos adaptar as tendências das passarelas e de desfiles internacionais. Com a aproximação dos grandes eventos no País, o Brasil entra na moda de vez e representamos isso em nossa coleção”, destacou a responsável pela área de design do Grupo, Aline Kautzmann.  
 
Profissionais de moda conhecem as tendências apresentadas pelos expositores
Mais de oito mil visitantes estiveram no salão (recorde de público), entre eles a estilista Karin Feller, que disse à equipe ABIT que apesar do valor maior dos nacionais, os mesmos traziam mais inovações. O diferencial dos tecidos brasileiros me atrai por isso, os prefiro. As malhas e os devorês que encontrei aqui me encantaram”, afirmou.  Já Mariana Laktim, designer da Deprez Uniformes, gostou do que foi apresentado. “Vi malhas diferenciadas e com qualidade”, disse.  
 
A próxima edição da Première Brasil deve acontecer nos dias 26 e 27 de julho e trará as coleções de outono/inverno 2013.

FONTE: ABIT

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