O TikTok prejudica a moda?
Uma de suas mais famosas características são as trends, e dentre elas, as de moda alcançam um número surpreendente de pessoas. O aplicativo virou um grande impulsionador de tendências de moda e os influenciadores e as grandes marcas da área não perderam a oportunidade para usá-lo como uma ferramenta muito eficaz de marketing. Porém, em termos de consumo consciente, isso vêm se mostrando um grande problema, e a marca que atualmente se encontra no centro dessa questão é a SHEIN.
A SHEIN é uma empresa chinesa que vende quase qualquer coisa em termos de produtos de moda. Roupas, sapatos, bolsas, acessórios e produtos de beleza, tudo com um baixo preço e uma rápida entrega, é o que caracteriza a marca. E seu sucesso se deu, se não totalmente quase isso, aos vídeos virais do TikTok. Neles, não só influenciadoras e influenciadores mas também anônimos que entram na "brincadeira", mostram looks montados com as últimas tendências da moda, além de pilhas e mais pilhas de produtos comprados no site chinês.
O problema de comprar de uma marca como a SHEIN é que nós pagamos um preço muito mais caro do que pensamos. Tendo como base o fast fashion, a marca contribui para o consumo excessivo, a poluição ambiental e a cadeia de exploração no trabalho das pessoas envolvidas na produção. E tudo isso é fortalecido pelo fato de que, para se dar bem no TikTok é preciso produzir muito em pouco tempo, e nesse caso significa utilizar vários looks diferentes, muitas vezes em um único vídeo, apressando tendências que agora, ao invés de durarem uma estação ou mais, permanecem relevantes por apenas algumas semanas ou até mesmo dias, o que consequentemente faz o ciclo de vida de uma roupa durar muito menos do que normalmente duraria.
Além do fator ambiental e social, há também o de desonestidade. São inúmeros os casos de apropriação de design de roupas, acessórios e sapatos cometidos pela SHEIN. Vários designers independentes, ou de grandes marcas, tiveram suas criações copiadas pelo site sem receber o devido crédito por isso. Foi o caso da influenciadora digital, modelo e empresária brasileira Jade Picon, que desabafou sobre ocorrido em seu perfil no Instagram, após a SHEIN ter copiado designs de blusas de sua marca. “Não tinha sido a primeira vez. Para mim, que sei de todo o processo por trás da criação de uma coleção da minha marca, é fod* você ver pessoas plagiando o seu trabalho", declarou a empresária em seu story.
É preciso reconhecer que, devido aos baixos preços e tamanhos variados, a SHEIN, e outros sites como esse, ajudam na democratização da moda, e os grandes responsáveis por perpetuarem o consumo desenfreado de artigos de vestuário não são os pequenos consumidores que compram de tais empresas devido à sua condição econômica, e sim as grandes marcas e influenciadoras e influenciadores. É necessário entender que, as pessoas que possuem poder aquisitivo para comprarem roupas produzidas de forma sustentável e justa, ao fazerem a escolha de consumirem fast fashion e influenciarem outros a fazerem o mesmo, seja direta ou indiretamente, carregam a maior responsabilidade da existência desse sistema insustentável de produção de moda e são eles os que mais devem repensar suas ações em relação ao consumismo.
Referências:https://youtu.be/JR3z8lq2cNM
https://rd1.com.br/jade-picon-se-revolta-apos-empresa-chinesa-copiar-sua-marca-de-roupas/
Antônio Campos, Amanda Barbosa e Livia Larangote, NUPEV.
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