Mundo precisa criar 600 milhões de empregos na próxima década, diz OIT
Estudo indica que há cerca de 200 milhões de pessoas desempregadas.
Outros 900 milhões de trabalhadores vivem em situação de pobreza.
Serão necessários 600 milhões de novos postos de trabalho na próxima década para absorver a mão de obra e garantir um crescimento sustentável, alerta o relatório "Tendências Mundiais de Emprego 2012: prevenir uma crise mais profunda de empregos”, divulgado nesta segunda-feira (23) pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), agência ligada às Nações Unidas (ONU).
De acordo com a entidade, existem atualmente cerca de 200 milhões de pessoas desempregadas em todo o mundo – fruto, em grande parte, da crise que teve início em 2008 e fato agravado pela perspectiva de maior deterioração da atividade econômica.
Além disso, seria necessário gerar outros 400 milhões de novos empregos na próxima década para absorver o crescimento anual da força de trabalho, estimado em 40 milhões de pessoas por ano.
Estudo diz que 74,8 milhões de jovens entre 15 e 24 anos estavam desempregados em 2011, um aumento de mais de 4 milhões desde 2007
A estes números, destaca a OIT, soma-se o desafio de criar empregos decentes para outros 900 milhões de trabalhadores que vivem com suas famílias abaixo da linha de pobreza, com renda diária estimada em US$ 2, a maioria nos países em desenvolvimento.
Entre este 900 milhões de trabalhadores, estima-se que havia 456 milhões deles em situação de extrema pobreza em 2011, com ganhos inferiores a US$ 1,25 por dia – redução de 233 milhões de trabalhadores desde 2000 e de 38 milhões em relação a 2007.
O relatório indica que, em termos globais, houve uma redução da fatia de trabalhadores em situação de pobreza extrema, porém ainda é alto o percentual de empregados em situação de pobreza.
"Apesar dos esforços extenuantes dos governos, a crise do emprego não diminui e um de cada três trabalhadores em todo o mundo – ou cerca de 1 bilhão de pessoas – está desempregado ou vive na pobreza", disse, em nota, o diretor-geral da OIT, Juan Somavia.
A entidade acrescenta ainda que há quase 29 milhões de pessoas a menos na força de trabalho atualmente do que seria esperado com base em tendências pré-crise. Se todos esses potenciais trabalhadores fossem computados como desempregados, o desemprego global subiria dos atuais 197 milhões para cerca de 225 milhões, e a taxa de desemprego saltaria de 6% para 6,9%, destaca o relatório.
Jovens
Os jovens seguem sendo os mais atingidos pela crise do emprego. O relatório diz que 74,8 milhões de jovens entre 15 e 24 anos estavam desempregados em 2011, um aumento de mais de 4 milhões desde 2007. Em termos globais, de acordo com o estudo, os jovens têm quase três vezes mais probabilidade do que os adultos de estarem desempregados.
A taxa de desemprego global da juventude, de 12,7%, continua um ponto percentual acima do nível pré-crise, segundo o estudo da OIT. “Estima-se que 6,4 milhões de jovens perderam as esperanças de encontrar trabalho e se afastaram do mercado de trabalho por completo”, diz o estudo.
O estudo da OIT também revela que o número de trabalhadores com empregos vulneráveis em 2011 é estimado em 1,520 bilhão, aumento de 136 milhões desde 2000 e de quase 23 milhões desde 2009.
Entre as mulheres, 50,5% têm empregos vulneráveis, taxa que excede o valor correspondente para os homens, de 48,2%.
Perspectivas
O relatório traça três cenários para a situação do emprego no futuro. A projeção de referência não traz mudançs na taxa de desemprego mundial entre a data atual e 2006, situando-se em 6% da força de trabalho.
Isto acrescentaria 3 milhões de desempregados até 2012, até alcançar 206 milhões de trabalhadores parados até 2016.
Se o risco de desaceleração se materializar e as taxas de crescimento global caírem abaixo de 2%, o total mundial de desempregados cresceria de maneira mais acelerada, superando os 204 milhões já em 2012.
Em um cenário mais positivo, assumindo uma rápida resolução da crise da dívida na zona do euro, o desemprego global seria cerca de 1 milhão menor em 2012 em relação à projeção de referência.
Círculo vicioso
Segundo o relatório da OIT, é cada vez mais patente o círculo de retroalimentação negativo entre o mercado de trabalho e a macroeconomia, especialmente nos países desenvolvidos.
“O elevado desemprego e a baixa taxa de crescimento salarial estão reduzindo a demanda por bens e serviços, o que prejudica ainda mais a confiança das empresas, que hesitam em investir e contratar”, diz o estudo.
O relatório pede medidas específicas para apoiar o crescimento de empregos na economia real, e adverte que somente a adoção de medidas de políticas públicas adicionais não serão suficientes para promover uma recuperação sustentável da economia.
"As autoridades executivas devem atuar decisivamente e de forma coordenada para reduzir o medo e a incerteza que estão impedindo o investimento privado, para que o setor privado possa ser o principal motor de criação de emprego global", diz o relatório.
Produtividade
A diferença da produtividade no trabalho entre o mundo desenvolvido e o mundo em desenvolvimento – um importante indicador para medir a convergência dos níveis de renda entre países – tem diminuído ao longo das últimas duas décadas, mas continua a ser substancial: a produção por trabalhador nas economias industrializadas e na região da União Europeia foi US$ 72.900 em 2011 contra uma média de US$ 13.600 em regiões em desenvolvimento.
Para a OIT, na maior parte dos países em desenvolvimento, o aumento da produtividade exigirá uma transformação estrutural acelerada, ou seja, será preciso mudar para atividade de maior valor agregado ao mesmo tempo que se abandona a agricultura de subsistência como principal fonte de emprego e se reduz a dependência de mercados voláteis de produtos básicos para obter ingressos por meio da exportação.
Diante de todo este cenário, o relatório da OIT diz que para solucionar estas questões é necessário coordenar as políticas em escala mundial, reparar e regular o sistema financeiro, manter o foco voltado para as medidas de estímulo ao emprego, além de incentivar o setor privado a investir, tudo isso sem comprometer a estabilidade fiscal dos países.
FONTE: G1
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