Upcycling em Divinópolis - Entrevista com Mariana Resende criadora da MARU

 O upcycling é uma prática que consiste em dar um novo propósito a materiais que seriam descartados, com criatividade e qualidade igual ou até melhor do que a do produto original. Tal prática vem crescendo ano após ano, e a pandemia impulsionou de forma incrível esse crescimento - não só do upcycling mas de formas mais sustentáveis de produção dentro da moda no geral. 

 E com os propósitos de aplicar seus conhecimentos adquiridos nos cursos de Técnico em Produção de Moda e Graduação em Design de Moda (ambos CEFET-MG Campus V), e de utilizar múltiplas formas eco-friendly de criar, que Mariana Resende (20 anos) criou a MARU, marca upcycling de vestuário agênero divinopolitana. 

 Em nossa conversa, ela nos contou como se deu a ideia da criação da marca, seu processo, suas dificuldades, suas aspirações, e muito mais. Confira alguns trechos da entrevista.

Como surgiu a ideia de criar a marca? Quando eu pensava em moda, geralmente pensava em ter algo para mim. Eu queria uma marca mas não sabia como e nem o que fazer; e durante a pandemia eu tive esse sentimento aflorado, de querer fazer algo grande que pudesse impactar as pessoas, que pudesse me ajudar e fazer a diferença. A partir daí eu tive a ideia de criar a MARU. E como no CEFET nós temos muito o incentivo de empreendedorismo, de independência, de construir as próprias coisas, eu fui pesquisando sobre os temas de moda que gostava, e eu estava bem alçada na área da sustentabilidade e fiquei presa nisso, querendo fazer algo relacionado à isso. E, a medida que eu fui pesquisando sobre, eu achei o upcycling, algo que gostei muito, e decidi construir a marca encima disso.   

Dentre todas as formas sustentáveis de  criar, por que o upcycling foi a escolhida  para a marca? Eu ficava um pouco  incomodada quando as pessoas começavam algo sem terem um objetivo, sabe?! E o meu objetivo era este, tentar ajudar o meio-ambiente de alguma forma, continuando com a moda, continuando com estilo, continuando com propósito. No upcycling eu conseguiria juntar o tingimento natural, por exemplo; eu conseguiria juntar todos os estilos que eu gostava, todas as cores, todas as formas, em uma coisa só. Então, o upcycling encaixou direitinho com tudo que eu queria fazer

Sendo uma das pioneiras à inserir o upcycling em Divinópolis, como têm sido a experiência? Como a cidade têm reagido à essa novidade? Como a MARU começou durante a pandemia, as pessoas que conhecem ela conhecem através de mim e pelas redes sociais. Como não temos loja física ainda não dá pra falar com certeza como Divinópolis têm reagido à isso. Porque acho que são conceitos que, para nós que fazemos moda são muito bem definidos, sabemos muito bem que o processo de produção têm muitos problemas envolvidos à ele e que temos que tentar solucioná-los, mas quando eu faço questionamentos no perfil social da MARU ou alguma postagem, eu vejo que as pessoas de fora não têm essa noção, não pensam da forma que a gente pensa. E aí eu fico pensando que, se eu tivesse uma loja física e/ou investisse mais em marketing e publicidade, como seria para as pessoas de Divinópolis. Porque elas tem uma certa barreira, elas querem fazer parte do movimento mas não querem abrir mão do fast fashion -algo que foi inclusive um questionamento para mim antes de criar a marca. Mas tenho recebido um retorno muito positivo, tanto de pessoas que estão inseridas na moda quanto de pessoas que não estão. 

No começo do ano você lançou sua primeira coleção na MARU. Quais foram suas principais dificuldades e inspirações? As dificuldades foram enormes! A única coleção que eu tinha feito foi a do meu TCC, que foi totalmente diferente. A minha ideia para a coleção era realmente mostrar para mim o que eu era capaz de fazer, e colocar tudo o que eu tinha aprendido no CEFET, até então, em prática. E na verdade, eu comecei a criar a coleção muito antes de criar a MARU, e tive muita ajuda da minha família. Apesar de ter sido um processo muito cansativo, principalmente na parte da costura, foi muito importante, até como forma de auto conhecimento. E as principais inspirações foi o que eu tinha idealizado para a marca: ser agênero, trabalhar com roupas que estavam paradas a muito tempo, produzindo várias peças com vários métodos diferentes... como um verdadeiro processo de descobrimento e teste. Foi bem pessoal, bem importante, e acho que deu super certo!

 Siga MARU nas redes sociais para ficar por dentro das novidades da marca @maru.fashionart. Fica aqui nosso muito obrigado à Mariana!

 Imagens: Nicolas Ibraim/ Designer.   

 Antônio Campos, Amanda Barbosa e Livia Larangote, NUPEV. 

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